O homem na terra
O Homem da Terra (2007, 87 minutos) é um filme ímpar que pode motivar uma boa discussão com os alunos sobre o tema do sentido da existência. Além disso, pode contribuir para alargar a cultura cinéfila dos alunos, saindo dos lugares-comuns do cinema de acção e entretenimento algo vácuo.
Sendo um filme sem qualquer acção de monta, surpreende pela capacidade que tem de nos agarrar, ao contrário de tantos filmes de acção que, depois de dezenas de explosões e de pessoas mortas, nada mais consegue do que fazer-nos bocejar e olhar para o relógio. O filme apresenta-nos uma conversa entre várias pessoas sobre uma revelação espantosa que uma delas, John Oldman (João Homem Antigo) lhes faz: que nasceu há 14 mil anos, e não envelhece nem morre.
O filme pode ser explorado em sala de aula sob três aspectos. Por um lado, no que respeita à epistemologia, está em causa a questão de saber se alguma daquelas pessoas tem boas razões para acreditar que John Oldman realmente tem 14 mil anos. Este aspecto, contudo, pode ser apenas levemente abordado, pois não é o tema central. O segundo aspecto é o que mais nos interessa: a exploração cuidadosa do que é viver 14 mil anos. De uma maneira muito natural, John Oldman vai desfazendo várias ideias erradas sobre o que é viver tanto tempo. Para nós, contudo, a questão principal é esta:
Há quem defenda que a existência humana perde o sentido precisamente por estar limitada pela mortalidade. John Oldman, contudo, tanto quanto lhe parece a ele mesmo, é imortal, ou perto disso. A sua vida, contudo, não é aparentemente mais nem menos dotada de sentido por ser imortal, ou perto disso. Ou é? Porquê?
O terceiro aspecto é o que me parece menos interessante, mas está no centro das preocupações dos autores do filme, e poderá ser o mais cativante para algumas pessoas: John Oldman foi o verdadeiro Jesus Cristo, ou pelo menos é o que ele afirma. Este aspecto pode ser abordado do seguinte modo:
Temos