O homem mediocre
“O medíocre e o invejoso, segundo Ingenieros
Acabei de ler " O homem medíocre" do escritor ítalo-argentino, José Ingenieros. Um livro fantástico, publicado pela primeira vez em Madri em 1913. Embora tenha mais de um século, esse livro continua atual, pois Ingenieros escreveu sobre homens e mulheres sem ideais, pragmáticos, perdidos numa rotina rasa e automática.
Para Ingenieros o homem medíocre é aquele cuja ausência de caracteres pessoais impede que se possa distinguir entre o mesmo e a sociedade, vivendo sem que se note sua existência individual, permitindo que a sociedade pense e deseje por ele.
O homem medíocre é sinônimo de homem domesticado, se alinhando com exatidão às filas do convencionalismo social. A opinião dos outros é o que importa, são os escravos das sombras, vivem para o fantasma que projetam na opinião de seus similares. Porque pensam sempre com a cabeça social e não com a própria, são a escora mais firme de todos os preconceitos políticos, religiosos, morais e sociais.
O homem medíocre associa-se aos milhares para oprimir os que não comungam com a sua rotina.
Para Ingenieros, sem unidade moral não há gênio. Certamente não é gênio aquele que prega a verdade e transige com a mentira; aquele que prega a justiça e não é justo; aquele que prega a piedade e é cruel; aquele que prega a lealdade e atraiçoa; aquele que prega o caráter e é servil; aquele que prega a dignidade e rasteja.
O homem medíocre evita píncaros e abismos. Intranqüilo sob o sol meridiano e medroso durante a noite, procura seus arquétipos na penumbra. Teme a originalidade. O homem medíocre que, porventura, se aventura, tem apetites urgentes: o êxito. Não suspeita da existência de outra coisa que não o brilho do momento. O êxito é triunfo efêmero, a gloria é definitiva, perene. O êxito se mendiga, a