o homem como ser social
Ultrapassada esta fase primária, o homem adquire uma nova dimensão. O pensamento dirigido para a auto-sobrevivência volta-se, então, para a intersobrevivência. Estamosperante o ser humano enquanto ser social, que, entre diversas acepções e em sentido restrito, pode traduzir-se em “consciência comum dos elementos de um grupo ou sociedade sobre os problemas sociais,posição social do homem e governo ou regulamentação da vida social”.Um ser social que incorpora, entre outros, o elemento político, pois não se pode falar de sociedade sem que se fale da sua organização,regulamentação, o que poderá em última análise levar à célebre frase “o Homem é um animal político”.
Aristóteles surge aqui com fundada atualidade. Não só como memória de que o Homem é um sersocial por natureza ou que, por natureza, o Homem é um animal político, mas pela reflexão que faz sobre a política, cerca de 300 anos antes de Cristo; usamo-la a pretexto da abordagem a questões caras aomulticulturalismo, e ao multiculturalismo ele próprio.
Para Aristóteles, o Estado - cuja função é proporcionar o mais alto bem, uma vida boa - é a mais elevada forma de comunidade, na base da qualse encontra a família, estruturada em duas relações fundamentais: homem e mulher e senhor e escravo. É no seio da família que deve promover-se a discussão da política. Porque não abordar na família,as questões da polis, de que ela própria faz parte? O escravo faz parte da família e, como tal, um dos temas políticos é a escravatura, tida como necessária e justa. O escravo deve ser inferior aodono, porque, por natureza, senhor e escravo estão no âmbito do que é natural. E escravo é aquele que, por natureza, pertence a outro e não a si mesmo, já que uns nascem para a sujeição e outros para omando. Aristóteles introduzia a questão da raça, defendendo que os escravos não devem ser gregos, mas de raça inferior, com menos espírito.