O heroísmo nosso de cada dia
Ana Paula Silveira
La espada y la rosa: o heroísmo nosso de cada dia.
Uberaba
2013
La espada y la rosa: o heroísmo nosso de cada dia. Ana Paula Silveira.
A centralidade do protagonista do filme “El hijo de la novia” (Argentina, 2001) está, pode-se dizer, tão somente no título da obra cinematográfica dirigida por Juan José Campanella. Isto porque Rafael é, sobretudo, personagem feita de fragmentos, carregando em si traços, reflexos delineadores das complexidades de todos os demais integrantes que compõem a história. Sem o referente orientador (o seu título), talvez não fosse tão simples demarcá-lo “personagem central”. Criança, homem, casado, pai, empresário, divorciado, falido, solitário e, por fim, transformado. Esta cronologia talvez sirva para representar as etapas da vida de Rafael, mostradas, no filme, em seu processo de desenvolvimento pessoal e social. Há sempre uma esperança! Uma possível lição, uma moral, já que toda obra de arte deve exercer ao menos uma função que lhe é primordial: a de ensinar algo. O ensinamento torna-se inevitável. Representante do Homem contemporâneo, o roteiro delineador da vida de Rafael não possui data, não documenta um momento específico, mas possibilita a identificação imediata de seu público, inscrito em seu contexto histórico de produção. Rafael é um indivíduo solitário, embora cercado de multidões numa Argentina frenética (como toda grande metrópole), e de pessoas próximas que o rodeiam em seu cotidiano matemático e minúsculo, pautado tão somente pela sua sobrevivência individual. Nenhum caos é instaurado, ele já existe e cabe ao “herói” da trama encontrar formas de sobreviver a ele ou, melhor, transformar-se ao vencê-lo, tornar-se melhor para si e para os que o cerca. Rafael se apresenta como um homem estressado e histérico. Proprietário de um restaurante “herdado” de seus pais (as aspas se justificam já que