O governo dutra
A expectativa no começo do governo Dutra era de uma reorganização da economia mundial de acordo com os princípios de Bretton Woods e a esperança de uma alta dos preços internacionais do café, já que o governo norte-americano tinha eliminado seu preço-teto. Em consequência, as autoridades monetárias e cambiais tornaram-se vítimas de uma “ilusão de divisas” que se apoiava em 3 principais pontos: o primeiro era que o país parecia estar numa situação confortável com relação as reservas cambiais; o segundo ponto era que o país julgava-se credor dos EUA pela colaboração na guerra; o terceiro ponto era que acreditava-se que uma política liberal de câmbio seria capaz de atrair fluxo de investimento direto estrangeiro e equilíbrio na balança de pagamentos.
No início do governo Dutra o câmbio foi mantido à paridade de 1939, sendo instituído o mercado livre, com a abolição das restrições a pagamentos existentes desde o início dos anos de 1930. Os preços no Brasil aumentaram duas vezes mais que nos EUA, mostrando como a taxa cambial estava sobrevalorizada. Essa política cambial tinha como objetivo atender à demanda de matérias-primas e de bens de capital para reequipamento da indústria, desgastada durante a guerra. Também se esperava que a liberalização das importações de bens de consumo combatesse a inflação doméstica.
A primeira ilusão que se evidenciou como falsa foi a apreciação das reservas internacionais. O problema era que o Brasil obtinha altos superávits comerciais com a área de moeda inconversível e acumulava déficits crescentes com os EUA e outros países de moeda forte. Com o término da Segunda Guerra Mundial, caíram as exportações brasileiras por matérias-primas e manufaturas, devido a volta ao mercado dos antigos fornecedores e o início da recuperação econômica. As importações, por sua vez, enfrentavam as pressões devido ao intenso acréscimo de preços e a necessidade de reequipamento da indústria. As reservas em