o fio de ariadne
1. CANSEI DE ME INDIGNAR!
O que me deu a idéia de escrever este livrinho foi uma mistura de cansaço e indignação. Sim, cansei-me de ver Júlia, minha filha mais velha, ficar em pânico ao chegar em casa dizendo que tem um "trabalho de pesquisa" para fazer. Geralmente, é um trabalho em grupo, e quando ela e os colegas se reúnem para fazê-lo, fico indignado com a atitude de um professor que não sente a menor piedade dos alunos e os submete a um estresse emocional injusto e desnecessário. Acabo me vendo obrigado, junto com minha mulher, a preencher o vazio que deveria ser ocupado pelo profissional a quem confiamos a tarefa de ensinar nossos filhos.
Quando pergunto a Júlia e aos colegas qual foi realmente o "comando" da professora, eles me mostram o caderno onde está anotado, laconicamente: "Trabalho de Pesquisa. Tema: X. Entregar até dia X". E nada mais. É ou não é para a gente se indignar?
Para sorte de Júlia, o pai dela é um apaixonado pelo estudo, alguém com verdadeira mania de pesquisar e que se sente muito à vontade fazendo o papel de orientador da pesquisa (tarefa que caberia, na verdade, ao professor). Ela conta também com uma mãe inteligente e muito hábil na hora de desenrolar o emaranhado psicológico criado pela encomenda da escola. Mas nem todos os pais são assim, e nem têm que ser. Quem põe seu filho na escola espera que ela cumpra com seu papel mais importante que — ao contrário do que muita gente pensa, professores inclusive — não é apenas "transmitir conteúdos", mas sim ensinar a aprender.
Ensinar a aprender é criar possibilidades para que uma criança chegue sozinha às fontes de conhecimento que estão à sua disposição na sociedade. A vida de hoje é caracterizada por um verdadeiro bombardeio de informações. Para todo lado que olhamos, nos deparamos com alguma dessas "bombas" pronta para explodir: televisão, rádio, cinema, jornais, revistas, cartazes, livros, folhetos, Internet, cd-rom... Essas "bombas" podem estar também