O filme: uma contra-análise da sociedade
De fato, para as gerações que crescem, cada vez mais, em frente à tela os filmes podem ser um recurso bastante atrativo, mas lembrar que uma linha muito tênue separa uma experiência desse tipo do fracasso e, muitas vezes, da absorção de conhecimentos deturpados. A imagem marca profundamente a memória e os filmes baseados em temas históricos podem se tornar importantes instrumentos de rememoração coletiva. Portanto, o objetivo principal deste trabalho é sugerir uma metodologia, ainda que breve, para análise da produção cinematográfica enquanto fonte e objeto para a história. O historiador frânces Marc Ferro – um dos pioneiros nesse trabalho – em seu livro Cinema e História procura delinear as possíveis relações que podem ser estabelecidas entre esses dois campos, no sentido de, como historiador, fazer uma análise das possibilidades do “fazer história” que está inserida no contexto cinematográfico.
Seguido tal perspectiva a análise de produções cinematográficas, deve seguir algumas etapas prévias, para que possamos atingir o não visível, ou seja, o conteúdo ideológico que o filme trás na sua mensagem e almeja transmitir. Lembrando que todo fruto da produção cultural, tal qual o cinema, está inserido no meio social. A produção cinematográfica é, portanto, um fenômeno complexo influenciado pelos mecanismos políticos, econômicos e sociais do momento histórico que o contextualiza. Ele testemunha as formas de agir, pensar, sentir da sociedade que o produziu e para o qual foi produzido Nessa concepção o filme seria um “agente da história”, vinculado diretamente com o meio produzido. Para a análise da ideologia presente implicitamente no filme, Ferro propõe que se parta do conteúdo aparente, ou seja, como o filme é visto num primeiro momento. A partir daí, deve-se conjugar essa primeira impressão com as análises das imagens e de outros conteúdos que compõe o filme, tal como som, roteiro, cenário, traçando um paralelo com o contexto