O fazer literário em lygia bojunga
Daiana Pilar Andrade de Freitas Silva*
Segundo Georges Bataille literatura é comunicação e comunicação exige sintonia de partes, não se faz individualmente, assim podemos dizer que para um texto torna-se literário é necessário uma sintonia entre outras duas importantes partes: autor e leitor. Da mesma forma que o texto precisa do autor para ser gerado ele precisa do leitor para ganhar vida. O texto por si só é apenas uma forma de manifestação individual e não comunicação. O sistema literário é formado pela relação texto-autor-leitor. Não podemos pensar na literatura sem pensar no leitor. O leitor é peça fundamental nas produções de Lygia Bojunga, o que talvez seja uma justificativa para que seus livros apesar de classificados como literatura infanto- juvenil sejam lidos por leitores de diversas idades. O fato é que suas produções literárias não necessitam de adjetivos sendo simplesmente literatura. Suas obras permitem um dialogo com o leitor que fica livre para lhe atribuir significados, seja ele criança, jovem ou adulto.
Utilizamos nesta reflexão a trilogia do livro composta pelas obras: Livro um encontro, Fazendo Ana Paz e Paisagem por serem obras que traduzem perfeitamente essa importante relação entre texto-autor-leitor. Nas referidas obras a autora se dirige diretamente ao leitor, trata da relação leitor-livro e traz ao universo do leitor questões como o próprio processo de criação e recriação de uma obra literária. Bojunga expõe o processo de criação literária, revelando todo o percurso desse processo.
Em Livro um encontro, é retratada a relação da autora-personagem com o livro, conta sua história como leitora e sua relação com a obra literária. Lygia-personagem apresenta sua relação com o livro desde da sua infância, colocando-se na perpectiva da criança, que vê no livro uma fonte de prazer que abre as portas da imaginação.
Para mim livro é vida;desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.