O eterno retorno
A relação entre mito e tempo esteve muito presente na história das civilizações antigas. O mito poderá caracterizar o tempo, dependendo da civilização, como algo reversível e que sempre busca um retorno às origens ou a renovação da vida. O mito se dará de forma cíclica na antiguidade, pois as primeiras civilizações buscavam um retorno à origem ou a renovação da vida, isso geralmente ocorria através dos rituais que “voltavam no tempo”, revivendo o mito. A sucessão entre o dia e a noite, as quatro estações, os períodos de cheia e seca dos rios, poderiam ser remetidos a uma narrativa mítica cíclica, pois tais fenômenos retornavam a um ponto de origem. O retorno mítico também podia exercer função de cura, em algumas tribos esse retorno era uma das maneiras para se curar uma doença, percebendo-se que o retorno mítico cosmogônico ou o retorno à origem de criação da tribo traz uma ideia de revitalização. Para os gregos, o mito também servia para a explicação da origem dos males humanos, entretanto esse mito não seria cíclico se não houvesse a prática dos rituais. Os rituais eram essenciais para o equilíbrio do tempo cíclico, já que eles renovavam os diversos processos, tais como o mito cosmogônico, a degradação moral e a moralização do homem e a destruição e renovação dos deuses. José D’Assunção Barros afirma que o ritual permite refazer a outra metade de um tempo cíclico, restabelecendo um equilíbrio. O mito é uma renovação, um retorno, quando está associado ao ritual, e é fundamental devido à função de manutenção do equilíbrio. A ausência de uma explicação racional traz no mito uma resposta para o inexplicável, além de manter o equilíbrio da vida política, social e