O espiritismo no brasil
Desde 1891, com a instituição da República, o Estado brasileiro deixou de ser um Estado confessional, sendo há mais de um século, laico. Os poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário, em todos os níveis, estão constitucionalmente proibidos de professar, influenciar, ser influenciados, favorecer, prejudicar, financiar qualquer vertente religiosa, pois o país não possui religião oficial. Este era um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. A constituição de 1891 ratifica essa condição. É o princípio da separação entre igrejas e estado, tratando de maneira mais específica, a igreja católica deixa de ser uma instituição religiosa hegemônica vencendo a seguinte formulação: "Todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer publicamente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens, observadas as disposições do direito comum" (art. 72 §3).
Muitos estudos sobre religião nos anos 60 e 70 tentam explicar a difusão de religiões populares, especialmente o Pentecostalismo, o Espiritismo e as religiões afro-brasileiras, inserindo-os num processo natural de urbanização. Alguns vêm esse processo como sinônimo de “atraso” nos então considerados pólos de desenvolvimento urbano e econômico do país, espaços vistos como símbolo de modernidade contrastantes com a proliferação da religiosidade popular.
Neste contexto, o espiritismo brasileiro surgiu menos rígido, mais efusivo, influenciado pelo temperamento do povo, mais interessado em consolar e socorrer os que sofrem do que em pesquisar os fenômenos de maneira científica , assumindo características bem diversas da matriz francesa do Kardec ismo (Giumbelli, 1997: 103) . Alguns autores como Cândido Procópio Camargo e Roger Bastide afirmam que o espiritismo na França, onde teve origem, enfatizava a dimensão científica da doutrina enquanto no Brasil tornou-se dominante sua feição mística. Encontra-se ainda algumas considerações bem pertinentes ao tema e bem