O enfermeiro
Um dia recebeu um prato cheio de sopa na cara, pelo fato do Coronel Felisberto achar que a mesma estava fria. Gritou e brigou tanto, com absurdas provocações que Procópio pensou novamente em ir embora. Mas, sempre, refletia muito antes de tomar qualquer atitude. Pensava na doença do velho, na sua demência e o fato de ser uma pessoa sozinha, sem família. O único parente, era um sobrinho, que havia morrido a pouco tempo. E assim foi levando, ficando lá por muito tempo. Neste intervalo o Coronel mandou chamar um advogado, fez testamento e foi levando a vida infeliz e indigna, somente podendo contar com aquele homem bondoso que o tolerava e cuidava tão bem dele, sem que o mesmo merecesse tanta dedicação. Procópio tinha quarenta e dois anos e tinha uma vida sem grandes acontecimentos. Antes de ir para o interior fazia um trabalho sem graça e sem valor nenhum. Tão repetitivo e o deixava entediado. Fazia isso, inclusive, em troca de uma boa comida e um lugar para dormir. Mas, mesmo tendo uma vida pobre não estava mais agüentando as infâmias, desacatos, ofensas, arremesso de comida e moringas