O discurso criminalizante e o samba como forma de resistência
Em 2007, fui convidada a participar de um grupo de pesquisa em segregação urbana e cidadania ambiental. A participação nesse grupo fez crescer meu interesse no estudo das populações desfavorecidas, decidi que era sobre elas que queria escrever, mais especificamente, sobre o processo de criminalização dessas populações.
A idéia de relacionar o samba com a criminalização veio após algumas discussões com minha orientadora nas quais buscava delimitar o tema e descobrimos tal gosto em comum. O objeto foi, então, recortado nessa direção, ou seja, no sentido de tomar o discurso criminalizante e o samba como forma de resistência.
O objetivo deste trabalho é compreender o processo de demonização da pobreza e até que ponto o samba, que tem seu berço no meio dessas populações criminalizadas, apresenta-se como forma de resistência a esse projeto discriminatório e excludente.
Sendo assim, torna-se necessário compreender o que é o processo de criminalização da pobreza e como, historicamente, vem se dando o mesmo. É relevante também entender o papel dos meios de comunicação nesse processo para então, analisar como o samba se configura na qualidade de alternativa à indústria dos meios de comunicação, de forma a se tornar um tipo de resistência das populações empobrecidas.
A metodologia empregada na elaboração desse trabalho foi uma pesquisa bibliográfica, entendida como a utilização de conceitos de autores que apreciam e debatem o tema em livros, revistas e sites.
No primeiro capítulo, expomos a criminalização da pobreza, enfocando definições e caracterizações acerca do discurso criminalizante, isto é, busca esclarecer os conceitos utilizados. Como, por exemplo, os conceitos de elite, “massa” e violência, que são essenciais para a discussão do tema, e o papel da mídia no processo de criminalização.
No segundo capítulo, é feita uma descrição da história do processo de criminalização da pobreza, para que se possa ter uma idéia da extensão do problema e de sua