o Dia do coringa
O DIA DO CURINGA
Tradução: JOÃO AZENHA JR.
Título original: Kabaliizysteriet
Tradução autorizada pelo autor, a partir da versão alemã de Gabriele Haefs
Capa: Silvia Ribeiro
Ilustração da capa: Maria Efigênia
Preparação: Marcia Collola
Revisão: Eliana Antonioli Tóliché Editorial
Há seis anos, em frente às ruínas do antigo templo de Posêidon, no cabo Stinio, eu olhava para o mar Egeu. Há cento e cinqüenta anos o padeiro Hans chegava à misteriosa ilha no Atlântico. E há exatos duzentos anos o navio de Frode naufragava na viagem entre o México e a Espanha.
Tenho de voltar tantos anos no tempo para entender por que mamãe nos deixou e fugiu para
Atenas...
Gostaria muito de pensar em outra coisa. Mas sei que preciso tentar escrever tudo enquanto restar em mim um pouco da criança que fui.
Sentado à janela da sala em Hisoy, observo as folhas caindo das árvores. Elas planam no ar e pousam na rua formando um acolchoado macio. Uma garotinha brinca lá fora, amassando com os pés as folhas e as castanhas que caem das árvores por entre as cercas dos jardins.
Nada parece ter sentido.
Quando penso nas cartas da paciência de Frode, tenho a impressão de que o equilíbrio da natureza desapareceu por completo.
ESPADAS
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ÁS DE ESPADAS
...um soldado alemão passou pedalando pela estrada...
Nossa longa viagem para a pátria dos filósofos começou em Arendal, uma antiga cidade portuária no
Sul da Noruega. Atravessamos a distância de
Kristiansand até HirtshaIs a bordo do Bolero, e não há muito a contar sobre a viagem pela Dinamarca e pela Alemanha. Tirando Legoland e o gigantesco porto de Hamburgo, tudo o que vimos foram rodovias e pequenas propriedades rurais. Somente quando chegamos aos Alpes é que as coisas realmente começaram a acontecer.
Tínhamos um trato, meu pai e eu. Eu não ficaria irritado quando tivéssemos de viajar compridos trechos antes de pararmos em algum lugar para dormir, e ele não fumaria no carro. Para