O desenvolvimento emocional na deficiência visual.
A ideia inicial do projeto veio da curiosidade do autor em compreender como é a constituição da subjetividade e o desenvolvimento emocional dos portadores de deficiência visual congênita ou adquirida, a partir do contato direto com um parente de quinze anos de idade, portador de deficiência visual congênita. Segundo a Associação Brasileira de Oftalmologia:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em 180 milhões de pessoas em todo o mundo apresentando algum tipo de deficiência visual, dos quais 50 milhões são cegos que não podem sequer caminhar sem ajuda. Sob o aspecto legal é considerado cego qualquer indivíduo com acuidade visual inferior a 20/200 ou cujo campo visual seja menor que 10 graus, quando o normal é de 140 graus. O Brasil participa desta estatística com 4 milhões de deficientes visuais e aproximadamente 1.250.000 cegos. (http://www.sboportal.org.br) Diante da estatística mundial significativa, o estudo da subjetividade da pessoa com deficiência visual ou cega torna-se relevante. Quais dificuldades, facilidades e interesses são revelados na ausência da visão na constituição de sua subjetividade? Como é a percepção do deficiente em relação ao próprio desenvolvimento emocional? Pensando no tema, veio a ideia de unir psicanálise como teoria capaz de compreender o sujeito além da deficiência. Como questiona Ormelezi (2006, p. 21):
... O que de sua existência é preciso conhecer e como elas [crianças] mostram seu modo de perceber, compreender e se relacionar com o mundo de coisas, pessoas e acontecimentos? Como interagem, como se expressam e como se movimentam no tempo e no espaço? Como organizam a libido, as emoções e a vida mental? Que significantes podem ser identificados e que possíveis significados podem ser atribuídos a cada uma delas em sua história pessoal?... A partir deste questionamento inicial, surge a necessidade de se desenvolver uma pesquisa de campo que abranja e aborde, do ponto de vista do deficiente