O desencantamento da criança
A civilidade renascentista e a formação da puerilidade
Citando Roger Chartier, Boto afirma que a civilidade se tornaria um forte programa pedagógico a partir do século XVI. Aponta ainda que aquele autor teria enunciado seis categorias norteadoras de mudanças nos comportamentos e sensibilidades: a civilidade; o auto-conhecimento; a solidão; a amizade; o gosto; e a comodidade.
Entrar para a sociedade pressupunha o domínio de certos códigos sociais e isto passou a fazer parte dos programas educativos. Destaca-se nesse sentido o trabalho de Erasmo intitulado A civilidade pueril que foi publicada em 130 edições e passou a ser adotado como manual de aula.
O surgimento de um novo modelo de família, com vínculos progressivamente mais reduzidos, fortalece esta instituição e sua função moral e espiritual para as crianças. É essa configuração que irá complementar o movimento humanista e seu enfoque sobre a infância. Tudo isso trouxe uma alteração nos padrões de sociabilidade e uma desestruturação dos elos tradicionais de sociabilidade comunitária. Além disso, surgem as formas de controle sobre o corpo com o objetivo de moldar comportamentos adequados para o convívio público.
Os colégios jesuíticos e a institucionalização da educação escolar
Os colégios jesuíticos são um local de afastamento da família e necessitaram criar um espaço próprio e sedutor, com a adição de jogos, teatro, competições, disputas, declamações, entre outros, ao aprendizado. A cultura escolar passa a demarcar o tempo e os ritmos dos alunos e os divide e separa por faixas etárias e graus de aprendizado.
A estrutura dos colégios jesuíticos estava fundada em idéias de exposição, exercício, repetição e disciplina. Durante o processo de formação nessas escolas o ato de julgar o aluno é fundamental.
O método da Companhia de Jesus apresentava um modelo baseado nas seguintes regras: obediência; diligência; tranqüilidade