O corpo e suas memórias escolares
Para descrever como meu corpo era tratado da infância até a fase adulta, comecei a refletir sobre a primeira lembrança que tenho do meu corpo. Fazendo esse mergulho no passado consegui encontrar uma cena em que eu estava nos braços de minha mãe, em frente a uma mesa comprida, com a luz apagada, com a claridade apenas das janelas, próximas a uma geladeira azul e minha mãe comendo goiabada de lata. Essa foi a primeira cena que me recordo de meu corpo e como ele estava.
Lembro que até os seis anos brincava com meus irmãos como qualquer criança comum. Nessa idade fomos morar com meus avós, foi quando minha mãe foi embora. Na casa do meu avô lembro que meu tio Marcelo, irmão mais novo de minha mãe, ainda adolescente tinha a mania de brincar comigo de “morto – vivo” e também de me virar de ponta cabeça.
Aos seis anos e meio fui morar com minha mãe adotiva, irmã mais nova da minha mãe biológica, momento em que fui matriculada em uma escola, direto no primeiro ano. Como essa minha tia já tinha três filhos, eu passei a conviver com uma irmã um ano mais nova que eu, outra um ano mais velha e um menininho bebê.
No primeiro dia de aula lembro que as crianças da pré-escola estavam brincando no parquinho e como eu já estava no primeiro ano não podia frequentar o parque, porém conseguia através de uma porta de vidro avistar minha irmã mais nova brincando, o que me fez ficar muito triste, pois queria também me divertir com ela no parquinho.
As recordações do meu primeiro ano escolar não são muito boas, pois minha professora Lenita (nunca esqueço o nome) era muito brava e tinha o hábito de bater em nossas cabeças com uma régua grande que ela tinha (era a forma de disciplinar dela). Tínhamos medo.
Lembro que as minhas primeiras professoras cobravam para que sentássemos corretamente. Diziam mantenham a postura.
Em casa eu e minhas irmãs adorávamos a Xuxa e lembro que estudávamos a tarde e durante a manhã minha mãe passava uma boa parte