O contexto Social da Poesis de Agostinho Neto

768 palavras 4 páginas
O Contexto Social da Poesia de Agostinho Neto

Introdução

É usual a crítica que redunda em torno da poesia de Agostinho Neto situar com frequência o lugar do escritor nos fenómenos políticos que marcaram as independências dos países africanos no terceiro quartel do século XX, já que Neto, até, foi uma das figuras de proa nos vários processos políticos que conduziram o fim do Estado Colonial em Angola. A poética de Neto vai além da política.
Na poesia, Neto foi sociólogo, economista, ideólogo, antropólogo, historiador e profeta. O valor histórico da sua poesia reside no respaldo empírico, científico, descritivo, documental, analítico, dialéctico, por a sua subjectividade, em sua totalidade, se ter transformado em objectividade histórica.
O objectivo deste trabalho é fazer um resumo das diferentes nuances que a obra poética de Neto assume na sua plasticidade e no contexto social.

A Luz Eléctrica1
Há uma incómoda carência de energia eléctrica na poesia de Agostinho Neto. O sujeito de enunciação que, às vezes, se confunde com o sujeito do enunciado, vive nos bairros de pretos, no Sambizanga ou na Boavista, desprovidos de luz eléctrica. Esta carência vai produzindo consequências na manutenção da sua vida material e espiritual, e é, portanto, obrigado a andar aos trambolhões, pelas ruas dos musseques sem luz, a dançar ao sabor do candeeiro petromax e a ver uma criança a ser violentada.
A escuridão em que estava submetida o povo tinha um carácter descriminatório: a luz brinca na cidade / o seu quente jogo / de claros e escuros / e a vida brinca / em corações aflitos / o jogo da cabra – cega.
Profecia de Luz e Esperança2
A poesia foi sempre capaz de espelhar, na maioria dos poemas de Agostinho Neto, o desejo de incutir nos oprimidos a crença na vitória da sua luta de libertação do jugo colonial, como vemos no poema Desfile de Sombras, onde Neto prediz a Luz

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