O complexo do trabalho: a especificidade do trabalho coletivo
Ellen Tristão** Resumo: A partir dos desenvolvimentos de György Lukács, apresentamos o trabalho como um complexo que na produção, sob a égide do capital em seu modo específico, é composto por posições teleológicas primárias, mas também secundárias. Para darmos conteúdo a esse entendimento, elencamos as principais características do trabalho coletivo em cada forma de trabalho social, a saber: cooperação simples, divisão manufatureira do trabalho e grande indústria. Em cada uma dessas formas o trabalho coletivo apresenta uma especificidade na forma e no conteúdo. A partir dos escritos de Karl Marx, com destaque a O Capital e seus manuscritos preparatórios, apontamos o trabalho coletivo na grande indústria com a forma especificamente capitalista de produção e é objetivamente dado, ou seja, o caráter coletivo é dado pelo meio de produção. Esses elementos desvelam a complexidade da análise do processo de trabalho em sua forma especificamente capitalista, cujo caráter coletivo deve ser o ponto de partida para a análise, enquanto as posições teleológicas primárias apresentam-se como o momento predominante. Palavras-chave: processo de trabalho, marxismo, ontologia.
1. Introdução Tratar de trabalhador coletivo torna-se neste início de século uma exigência a todos aqueles que pretendem uma compreensão do processo produtivo na atualidade. No entanto, é fácil encontrar aqueles que se utilizam das descrições de Marx acerca da cooperação simples e da cooperação especializada (manufatura) para caracterizar o trabalhador coletivo, sem distingui-lo daquele indicado por Marx no capítulo XIV do Livro Primeiro de O Capital, este sim caracterizado como trabalho coletivo especificamente capitalista. Existem diferenças substantivas na forma e no conteúdo do trabalhador coletivo em cada uma das distintas formas de trabalho social abordadas por Marx. Cada processo produtivo apresenta uma especificidade quanto à organização