O choque das civilizações
HUNTINGTON, Samuel. O choque das civilizações e a recomposição da nova ordem mundial.
Rio de janeiro: Objetiva, 1997.
EDU SILVESTRE DE ALBUQUERQUE*
RODRIGO DUARTE DOS PASSOS**
DAKYR L. MACHADO DA SILVA ***
HELIO LARRI VIST ***
CLAUDIO JOSÉ BERTAZZO****
RICARDO MARTINS DE FREITAS ****
ELONIR DUTRA TERRA****
FABIO RAMOS****
A proposta de análise elaborada por Samuel Huntington sobre o novo conteúdo das relações internacionais no pós-Guerra Fria merece ampla divulgação. Sua justificativa é a necessidade de nós geógrafos retomarmos com maior ênfase as discussões em geopolítica, cuja origem está ligada à da própria Geografia enquanto saber autônomo nos centros de ensino superior. A atualização nas teorias geopolíticas é mister para nos colocarmos no mesmo passo que cientistas políticos, historiadores e filósofos que se dedicam a este temário.
A explicação para essa relativa ausência dos geógrafos nos debates geopolíticos atuais envolve os excessos historicistas contidos nos trabalhos dos geógrafos críticos1. Ressalva-se que não se trata de negar a
*Mestre em Geografia Humana/USP e, à época da realização do presente texto (segundo semestre de 1998), professor da disciplina de Leituras em Geografia Política, oferecida pelo Departamento de Geografia da UFRGS.
**Mestre em Ciência Política/USP e colaborador no texto.
*** Alunos bacharéis da disciplina de Leituras em Geografia Política.
**** Alunos licenciados da disciplina de Leituras em Geografia Política.
226 importância da Geografia Crítica - que lançou novas perspectivas para a compreensão do espaço ao apreendê-lo enquanto produto social-, mas de chamar a atenção que o espaço, além da dimensão econômica
(especificamente classista na perspectiva marxista), envolve também as dimensões cultural e política, com suas autonomias relativas em relação ao econômico.
A leitura geopolítica do paradigma do Choque das Civilizações
Em linhas gerais, a tese de Samuel