O casal
O que pode haver de tão extraordinário num aniversário de casamento, senão a sua duração? Pois era justamente isso que o evento tinha de especial: - a duração do casamento.
- Cinqüenta anos cravados!
Cinqüenta anos representam uma existência inteira. Passar todo esse tempo vivendo com a mesma pessoa, em nossos dias, é sem dúvida uma façanha extraordinária.
E o mais importante: - cinqüenta anos de vida conjugal vividos na mais completa harmonia. Certamente deveria haver algum segredo para o casal realizar uma proeza dessas. Um segredo que, caso realmente existisse, sem dúvida, merecia ser conhecido.
Sendo assim, procurei “seo” Joaquim, o “noivo”, para saber dele a receita para levar um relacionamento a tal extremo.
Muito paciente, o velhinho colocou a mão em meu ombro e começou a contar:
- Sabe filho, eu conheci a Marieta há muitos anos atrás, no tempo em que ainda “se amarrava cachorro com lingüiça”... Ah!.. Ela era muito bonita naquela época... Ainda é... Quer dizer,.. para mim ela sempre vai ser bonita...
Olhou para a mulher ao seu lado, e continuou:
- ...naquele tempo ela era linda, a mais linda da cidade onde morávamos. Mas era muito exigente, e tinha um gênio de amargar... Todos os rapazes ficavam doidinhos por ela, mas ninguém conseguia agradá-la.
Fez uma pausa, e prosseguiu:
- Pois bem, ela gostava muito de poesia e seresta, e como eu também gostava, foi fácil me aproximar dela. Até que, começamos a conversar e fomos descobrindo quantas coisas nós tínhamos em comum... Daí ao namoro e casamento, foi um piscar de olhos...
“Seo” Joaquim suspirou fundo e continuou o relato:
- No começo, foi uma beleza. Tudo era novidade. Ela ficava tomando conta de casa e eu ia trabalhar. È noite, trocávamos confidências sobre aquilo que aprendíamos durante o dia. Essa