O Carandiru era o vale da sombra da morte

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“O Carandiru era o vale da sombra da morte”, diz sobrevivente do massacre

Foto: Marcelo Camargo/ABr
Sidney Sales relata que só ele carregou mais de 35 corpos, no dia 2 de outubro de 1992, e recorda o cotidiano naquele que foi o maior presídio da América Latina
01/10/2012
Jorge Américo e José Francisco Neto de São Paulo Há 20 anos, o pavilhão 9 do maior presídio da América Latina foi invadido pela tropa de choque da Polícia Militar. A ação foi comandada pelo coronel da polícia militar Ubiratan Guimarães, após consentimento do então governador Luiz Antônio Fleury e do ex-secretário de Segurança Pública Pedro Franco de Campos.
Conhecido como massacre do Carandiru, o episódio resultou, segundo a versão oficial apresentada pelas autoridades da época, na morte de 111 detentos. Desde então, apenas o coronel Ubiratan – falecido em 2006 – foi a julgamento, sendo condenado a 632 anos de prisão em regime fechado.
Por ser réu primário e ter endereço fixo, o coronel conseguiu recorrer da sentença em liberdade, até a sentença ser anulada. Ironicamente, o pavilhão 9 era específico para réus primários. Cerca de 80% das vítimas do massacre esperavam por uma sentença definitiva. Ainda não haviam sido condenadas pela justiça.
Depois de ter exercido mandato de deputado estadual, Ubiratan foi encontrado morto em seu apartamento. Apesar de contestada, à época, a suspeita de crime passional foi aventada, envolvendo a sua namorada e advogada, Carla Cepollina, que irá a julgamento no próximo dia 5 de novembro.

Sidney Sales, 45, é um dos poucos sobreviventes. Morador do município de Jundiaí (SP), ele relatou ao Brasil de Fato e à Radioagência NP como foi o dia do massacre: “De repente eles falaram: ‘estão atirando!’ Eu falei que não, que eles estavam atirando com bala de borracha. Mas daqui a pouco os outros me ligam e dizem que eles estavam executando mesmo as pessoas. Eu subi na ventana (janela), e quando eu olhei já vi vários cadáveres estirados no chão. Eu fiquei em pânico.”

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