O Capitalismo é Moral?
Disciplina: Filosofia e Ética na Administração
Professor: Guilherme Camara
Débora Perez Viñoli (231360)
Texto de posicionamento: quais os limites éticos da ação administrativa no contexto do capitalismo amoral contemporâneo?
Em seu livro “O Capitalismo é Moral?: sobre algumas coisas ridículas e as tiranias do nosso tempo” André Comte-Sponville defende a ideia de que o capitalismo em si é amoral, ou seja, não pode ser classificado como moral ou imoral. Em sua argumentação, um dos exemplos mais claros e simples para defesa de sua ideia é o paralelo traçado com a meteorologia. Sponville afirma que se alguém encarregado de transmitir a previsão do tempo afirmasse que na próxima semana irá chover, pois seria imoral que continuasse o período de seca, todos acreditariam que a pessoa nada sabe sobre meteorologia, ou pior, que enlouqueceu. Afinal, todos sabemos que a moralidade não rege, tampouco o fez algum dia, as condições climáticas. Dessa forma, o autor conclui que a economia, como processo, assim como as outras ciências, não pode nem deve ser alvo de julgamentos morais, afinal, trata-se de algo sem vontade ou consciência.
Sponville ainda argumenta, logo no início do capítulo “O Capitalismo é Moral?” que todos nós nos vemos confrontados com quatro ordens comuns que são resumidas da seguinte forma (COMTE-SPONVILLE, 2005, p. 71):
A ordem tecnocientífica (ou econômico-tecnocientífica), estruturada internamente pela oposição entre o possível e o impossível, mas incapaz de se limitar por si mesma; limitada portanto do exterior por uma segunda ordem, a ordem jurídico-política, a qual é estruturada internamente pela oposição entre o legal e o ilegal, mas tão incapaz quanto a precedente de se limitar por si mesma; limitada portanto, por sua vez, do exterior por uma terceira ordem, a ordem da moral (o dever, o proibido), a qual é completada, “aberta por cima” para uma quarta ordem, a ordem ética, a ordem do amor.