O capital, de karl marx parte segunda - a transformação do dinheiro
Capítulo IV - Como o dinheiro se transforma em capital
1. A FÓRMULA GERAL DO CAPITAL
Se pusermos de lado o conteúdo material da circulação de mercadorias, a troca dos diferentes valores de uso, para considerar apenas as formas econômicas engendradas por esse processo de circulação, encontraremos o dinheiro como produto final. Esse produto final da circulação das mercadorias é a primeira forma em que aparece o capital. [...] Todo capital novo, para começar, entra em cena, surge no mercado de mercadorias, de trabalho ou de dinheiro, sob a forma de dinheiro, que, através de determinados processos, tem de transformar-se em capital. (pág. 177)
O dinheiro que é apenas dinheiro se distingue do dinheiro que é capital, através da diferença na forma de circulação. A forma simples da circulação das mercadorias é M-D-M, conversão de mercadoria em dinheiro e reconversão de dinheiro em mercadoria, vender para comprar. Ao lado dela, encontramos especificamente diversa, D-M-D, conversão de dinheiro em mercadoria e reconversão de mercadoria em dinheiro, comprar para vender. O dinheiro que se movimenta de acordo com esta última circulação transforma-se em capital, vira capital e, por sua destinação, é capital. (pág. 178)
M-D-M e D-M-D
Uma soma de dinheiro só pode distinguir-se de outra soma de dinheiro por sua quantidade. O processo D—M—D não deve seu conteúdo a nenhuma diferença qualitativa entre seus extremos, pois ambos são dinheiros, mas à diferença quantitativa entre esses extremos. No final, se retira mais dinheiro da circulação do que se lançou nela no início. O algodão comprado a 100 libras esterlinas será vendido, por exemplo, a 100 +10 libras, 110 libras esterlinas, portanto. A forma completa desse processo é, por isso, D—M—D’, em que D’= D+∆D, isto é, igual à soma de dinheiro originalmente adiantada mais um acréscimo. A esse acréscimo ou o excedente sobre o valor primitivo chamo de mais valia (valor excedente). O