o canibalismo asteca
Postado em 17 set 2014 por : Paulo Nogueira
Enquadrado
O melhor momento até agora em todos os debates presidenciais de 2014 foi a espetacular enquadrada que Luciana Genro aplicou em Aécio Neves quando ele dava uma patética lição de moral sobre ética na política.
A intervenção preciosa de Luciana Genro salvou o debate promovido pela CNBB. A má organização foi tamanha que não havia um cronômetro que ajudasse os debatedores a medir sua fala, engessadíssima como de hábito.
Por isso o tempo todo o moderador Rodolfo Gamberini abateu as respostas em pleno voo, como se estivesse caçando passarinhos.
São vitais, em campanhas eleitorais, pessoas como Luciana Genro, que falam o que ninguém ousa dizer.
Aécio pediu para apanhar, esta é a verdade.
O Pastor Everaldo – triste figura – acabara de se fazer de servo de Aécio. Conseguiu perguntar a ele o que achava do escândalo da Petrobras.
Aécio fez aquele surrado discurso moralista que remonta à UDN de Carlos Lacerda.
Por acaso, logo depois o sorteio de nomes juntou Aécio e Luciana.
Ele fez uma pergunta a ela sobre educação. Pela primeira vez na campanha ela fugiu da questão.
Não resistiu a dizer umas verdades a Aécio.
Como ele ousa falar em corrupção pertencendo a um partido que comprou os votos para a reeleição de FHC?, perguntou ela.
Como o moralismo das colocações de Aécio se combina com o dinheiro público empregado para a construção de um aeroporto numa fazenda de sua família?, continuou ela.
Uma das razões pelas quais a juventude foi às ruas em junho de 2013 foi a camada espessa e abjeta de hipocrisia que domina o mundo da política.
A essa hipocrisia aparentemente invencível Luciana Genro contrapõe uma sinceridade à qual ninguém está acostumado.
Ali, naquele embate, se contrapunha a velha política e a nova política. Aécio parecia um museu diante de Luciana Genro. O atraso quando confrontado com a novidade vira uma coisa espectral.
Luciana Genro não ocupa o lugar