O brasil na crise do petróleo
Marco Antônio Campos Martins
Ipea-Iplan 1980 DEC 2019
Brasília, outubro de 1980 2ª versão desta seção.
Apenas para discussão interna IPLAN-IPEA.
Os atuais problemas de inflação, de balanço de pagamentos, de dívida externa, de investimentos, de manutenção do ritmo de absorção de mão-de-obra e de escassez de produtos agrícolas essenciais, que perturbam a economia brasileira e exacerbam as tensões sociais, encontram-se todos intimamente relacionados.
Para que tais problemas sejam adequadamente resolvidos, e tensões prontamente atenuadas, é necessário que se promova, o mais rápido possível:
(a) considerável diminuição da participação relativa dos capitais externos de risco e de empréstimo no financiamento da atividade econômica interna;
(b) reorientação dos capitais investidos internamente no país para fora do setor petróleo, em direção aos setores produtivos e às atividades que utilizam relativamente menos este combustível — e esta proposição tem que ser entendida num sentido amplo.
É mister, por um lado, que haja substancial realocação de recursos para incremento da produção agrícola de alimentos e de matérias-primas energéticas para o mercado interno e para desenvolvimento dos setores sociais básicos. Mas é também preciso, por outro lado, que ocorram: (a) aumento de autonomia das cidades na produção, por exemplo, de gêneros alimentícios que possuam custo de transporte relativamente elevado; (b) redirecionamento das atividades urbanas em geral das cidades de grande para as de menor porte; (c) elevação da participação relativa dos transportes de massa, construção de ferrovias e exploração das vias navegáveis.
A este respeito é importante lembrar que a elevação dos preços do petróleo, ocorrida a partir de 1973, já provocou um aumento acumulado de aproximadamente US$ 7,7 bilhões por ano nos custos internos de produção do país. Este número, se for capitalizado a 7% a.a. — que é a taxa média de