O Brasil aos olhos de Debret
A história cultural propõe-se a escrever a história através das representações pelas quais os homens expressaram o mundo e sua sociedade. Cabe ao historiador cultural ler essas representações simbólicas como fontes construídas no passado que carregam significados e informações do contexto na qual foram criadas (ZANIN, 2007).
A representação é uma construção feita a partir do real, que carrega em si traços da realidade, mas não é necessariamente a realidade em si. Pode ser compreendida por uma imagem pictórica, ou um objeto tridimensional, que remetam a determinado ideal que se pretende representar. São maneiras pelas quais os indivíduos buscam a construção de sentido para o mundo em que vivem. Dessa forma, analisando as imagens de Debret, é possível reconstruir o cenário do cotidiano da sociedade brasileira do Rio de Janeiro de 1816 a 1831, ou seja, uma sociedade em transformação onde se identificam negros, brancos e traços da cultura. Quando observadas as imagens em que os negros estão presentes, observa-se a participação do negro no cotidiano da corte (figura 1), bem como seu sofrimento, relatando em muitas de suas imagens as torturas que os negros sofriam (figura 2).
Figura 1 – Representação do negro no cotidiano da corte.
Figura 2 – Representação dos negros sendo torturados.
Debret ocupou também lugar de destaque ao desenhar os símbolos da nova nação, como a elaboração da bandeira imperial (figura 3).
Figura 3 – Bandeira Imperial do Brasil.
Debret é conhecido também como o artista que registrou a população de rua, uma gente escura, humilde, e alquebrada de um vazio olhar famélico que pode ser visto até os dias de hoje (fgura 4).
Figura 4 – Registro da população nas ruas.
Observa-se também que o artista tinha certo gosto em representar as paisagens, sendo estas litorâneas ou representações do campo (figura 5).
Figura 5 – Representação do Campo.
Em última análise, Debret traz em suas imagens o