Violência e resistência na literatura brasileria
Letras
Janaina Romano
Tatiana Duarte
Fulvia Zonaro
1. Síntese: “Violência e resistência na literatura brasileira”
A violência é uma ação que simplesmente desconsidera o outro. Ela pode ser de ordem física, mas também psicológica ou simbólica, e a história da humanidade está intimamente relacionada a ela, tanto nas guerras, como nas religiões, na cultura e nas artes, no trabalho do homem. Murilo Mendes ressalta, por exemplo, que o nazismo foi uma “crueldade organizada”.
A violência é inimiga da liberdade com autonomia, já que o império do medo nos leva ao ataque, nem que seja pela autoproteção.
Em quase todos os registros literários encontramos sua presença, inclusive, ela é bem demarcada na literatura brasileira em autores como Machado de Assis, Brás Cubas, Gonçalves Dias, Euclides da Cunha, entre tantos outros, chegando aos nossos tempos pela literatura de cordel e o sofrimento infringido aos povos sertanejos.
Murilo Mendes reelabora em suas obras, com sua veia satírica, o passado de nosso país, ancorado ao passado como forma de compreensão do presente e, para compreender o presente, o passado não pode ser desconsiderado, criando um movimento “pendular dialético”.
Busca-se a representação, por meio de romances, compostos em redondilhas maiores, a representação do oprimido que toma a palavra. Analisa-se o texto “Marcha final do Guarani”, de Murilo Mendes, em que nota-se a simpatia do autor pelos derrotados da história – no caso, os indígenas –, mas sem a idealização de outros, mas com olhos satíricos dos modernistas. Fica claro, a todo instante, as referências à Gonçalves Dias, José de Alencar e Carlos Gomes.
Desde o título, percebem-se as intenções do autor. O gesto triunfal da marcha que dá lugar ao evento da destruição do povo. “Deuses” são os homens brancos e suas armas de fogo. O próprio ritmo da poesia remete à tradição literária como símbolo nacional. Ao despir o índio de seus trajes