O beijo do elo perdido
Escola de Música e Belas Artes do Paraná
“O Beijo do Elo Perdido”
Daniel Senise
Flávio Antunes Ramos
Quarto Ano – Bacharelado em Gravura
Curitiba, Paraná. Julho de 2012.
“Não pinto para contar uma his/estória.
Pinto para contar/passar/expor uma impressão.”
Daniel Senise
Essa incrível pintura de Daniel Senise chamou a minha atenção primeiro pela estranheza do tema, e após ao ficar olhando por um tempo a cena, tive uma grande sensação de dualidade. Ao mesmo tempo em que temos o beijo, a vida, a paixão, assim temos também a morte. Temos duas cabeças cortadas no chão, como se fossem as cabeças de dois pássaros mortos no ultimo momento de intimidade e que agora está imortalizado em dois crânios pintados.
Assim como se fala da vida, escancara a eternidade da morte.
O movimento e a fisicalidade do tema também é outra parte da instigante da pintura. O beijo interrompido, a paixão eternizada em um movimento, a impressão de vermos uma ponta de vida em uma representação da morte. Um certo erotismo da figura, instigando a olhar e não olhar, a acompanhar o movimento do beijo, a fechar os olhos e sentir.
O tratamento dado a pintura em sua paleta de cores coloca no observador novamente a questão da dualidade. Ele conota uma frieza e a falta de vida de uma pedra, ou de uma escultura deitada sobre um chão sólido. Ao mesmo tempo que vemos nela tons que remetem a uma pele humana opaca e um pouco morta.
A morbidez e o erotismo da cena me cativaram a atenção, assim como também a solidez da imagem e a qualidade do efeito gráfico conseguido com a textura. O bom trabalho sempre cria diversas interpretações e inspira outros, esse é um exemplo.
" O Beijo do Elo Perdido "
Acrílica e óleo sobre cretone, 139 x 203 cm - 1991
Bibliografia:
SALLES, Cecília Almeida. ANOTAÇÕES DE DANIEL SENISE: UM CANTEIRO DE OBRAS. In: Revista Ars 2, 143