O Azerbaijão e as relações internacionais no pós-Guerra Fria
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Azerbaijão – Uma Visão da Situação no Cáucaso
(sobre os atentados em Moscou e Daguestão)
Azerbaijan – an overview of the situation in the Caucasus region
(on the plots in Moscow and Dagestan)
PAULO ANTÔNIO PEREIRA PINTO*
Meridiano 47 n. 117, abr. 2010 [p. 8 a 11]
Imagine-se uma região apertada pelo Irã – ao
Sul – Rússia – ao Norte – e Turquia – a Oeste – banhada tanto pelo Mar Negro, quanto pelo Mar
Cáspio. Se o Cáucaso já não fosse as mais alta cadeia de montanhas da Europa, tais pressões políticas, certamente, teriam forçado a terra a levantar-se e criar tal cordilheira.
Escolha, agora, um grande conquistador:
Genghis Khan, Alexandre o Grande, Imperadores
Persas, Pedro o Grande, Hitler e Stalin, todos reivindicaram ter conquistado a região caucasiana.
Pense numa religião: Muçulmanos Shiitas, ao Sul,
Sunnis, ao Norte, e três expressões do Cristinismo em diferentes localidades. Todas convivem nesta parte do mundo.
O escritor Essad Bey, a propósito de outras diversidades regionais, escreve amplamente sobre príncipes e ladrões, no Cáucaso.1 Revela, então, as diferentes formas que legitimavam as duas “categorias sociais”. Ademais, com frequência, segundo o autor, um membro de um grupo transitava para o outro, passando de príncipe a assaltante de caravana ou de saqueador a nobre, com perfeita naturalidade.
Um príncipe caucasiano distingue-se de um europeu, por diferentes razões, além da ausência de brazão de realeza.. Assim, no Azerbaijão, até o início do século XX, antes da invasão soviética, havia: príncipes com terras próprias e súditos; com terras, mas sem súditos; com súditos e sem terras; ou sem terras nem súditos. O ladrão poderia herdar sua
profissão ou conquistá-la, por mérito pessoal. Cabialhe cobrar tributos dos mais favorecidos, em troca de proteção, ou simplesmente proceder ao saque, no caso de