Choque De Civiliza Es Samuel P
Samuel P. Huntington
opróximo
padrão dos conDitos
"A política mundial está a entrar numa nova fase e os intelectuais não têm hesitado em multiplicar as visões do que esta seria - o fim da história, o regresso às tradicionais rivalidades entre Estados-nações e o declínio do Estado-nação a partir das tendências em conflito do tribalismo e do globalismo, entre outras. Cada uma destas visões capta aspectos da realidade emergente. No entanto, todas elas esquecem um aspecto crucial, mesmo central, do que, provavelmente, a política global pode vir a ser nos anos vindouros. A minha hipótese é a de que a fonte fundamental de conflito neste novo mundo não seja prevalentemente ideológica ou predominantemente econômica. As grandes divisões existentes na humanidade e a fonte dominante de conflito serão culturais. Os
Estados-nações continuarão a ser os atores mais poderosos nas questões mundiais, mas os principais conflitos da política global ocorrerão entre nações e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global. As guerras civilizacionais serão as batalhas do futuro.
O conflito entre civilizações será a última fase na evolução do conflito no mundo moderno. Durante um século e meio, após a emergência do moderno sistema internacional com a Paz de Westefália, os conflitos do mundo moderno ocorreram majoritariamente entre príncipes - imperadores, monarcas absolutos e monarcas constitucionais, que tentavam expandir as suas burocracias, os seus exércitos, o seu poder econômico mercantilista e, principalmente, o território que governavam. Neste processo criaram os Estados-nações, mas com a revolução francesa as principais linhas de conflito começaram a verificar-se mais entre nações do que entre príncipes. Em
1793 R. R. Palmer dizia que «as guerras entre reis acabaram; começaram as guerras entre povos». Este padrão do século xix durou até ao fim da primeira guerra mundiaL
Depois, como resultado da revolução russa e