O arraial de Canudos
Pregando a chegada do reino de Deus à Terra, Conselheiro foi perseguido tanto na Monarquia (por fazendeiros incomodados com as aglomerações de fiéis que deixavam o trabalho para ouvi-lo) quanto na República (pois defendia o antigo regime). Em 1893, ele e seus seguidores fundaram em uma antiga fazenda de gado abandonada, às margens do rio Vaza-Barris, na Bahia, o arraial de Canudos.
Canudos era um oásis no meio do sertão, com abundância de água e terra boa para a agricultura e a pecuária. O local atendia aos anseios mais urgentes da população assolada pela seca.
A vida em Canudos
A notícia da criação do arraial espalhou-se. Milhares de pessoas venderam suas propriedades, animais, plantações e se dirigiram a Canudos, na esperança de uma nova vida.
No arraial, os famintos eram alimentados e trabalhavam para sua própria subsistência. Os moradores negociavam com comerciantes e propriedades vizinhas. Não era permitida a presença de criminosos e prostitutas e, frequentemente, a comunidade recebia a visita de um padre para realizar batizados e casamentos na igreja construída pelos próprios habitantes.
Acredita-se que em Canudos tenham morado até 30 mil pessoas. Algumas exerciam cargos de chefia militar, administrativa e religiosa, formando uma elite que se destacava por ocupar as melhores das 5.400 casas do arraial.
O começo da perseguição
Não tardou para que os fazendeiros, a Igreja e o governo se opusessem àquela concentração e tentassem dissolver a comunidade. Afinal, eram milhares de sertanejos descobrindo, de forma autônoma, um meio de sobrevivência, sem depender da indústria da seca. Um incidente foi o estopim para um dos maiores massacres da História brasileira. A população de Canudos comprou à vista, em Juazeiro, um carregamento de madeira para cobrir o telhado de uma igreja. Por falta de pessoal, a entrega acabou não acontecendo. Conselheiro mandou dizer que mandaria alguns de seus homens a Juazeiro para apanhar o