O alienista
Simão Bacamarte, o grande médico, escolheu Itaguaí para seu universo, preterindo os grandes centros do saber europeu. Radicando-se na terra natal, ele se casa com uma viúva de limitados dotes físicos, em quem o médico vira os atributos de saúde necessários para lhe dar uma prole saudável... Dona Evarista frustra as previsões e não lhe dá filhos... Doutor Bacamarte elegeu para suas atenções científicas o recanto psíquico e resolveu solicitar à Câmara de Itaguaí permissão para instalar na cidade uma casa de orates. A Câmara votou o imposto necessário, para financiar o tratamento dos necessitados, e a Casa Verde, assim chamada pela cor de suas janelas, foi inaugurada com muita pompa. Os primeiros alienados começaram a povoar o hospício... No início, poucos; depois, em número maior. Dona Evarista sentiu-se preterida, e o sábio marido enxergou-lhe a dor... Compensou-lhe com uma viagem ao Rio de Janeiro... e Bacamarte continuou seus estudos, sua dedicação aos loucos que afluíam à Casa Verde. Crispim Soares, o boticário, era amigo e confidente do alienista. Certa feita, o doutor o mandou chamar. Crispim, cuja mulher viajara com d. Evarista, ficou preocupadíssimo e correu à Casa Verde. Simão lhe confidenciara algo mais importante: trata-se de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. O padre Lopes, a quem o alienista também expôs a nova teoria, ponderou que os limites entre a razão e a loucura estavam bem delimitados. A partir daí, instala-se o terror na cidade. A população assistiu, pasmada, ao recolhimento de Costa. Justamente ele, uma pessoa tão querida... Seu defeito era dissipar a herança recebida de um tio. Um louco perfeito!, segundo a teoria em prática. Uma prima do Costa foi interceder por ele. E a pobre senhora, feita a defesa, acabou sendo recolhida à Casa Verdade. Foi a última