A ética no nosso cotidiano
Um artigo sobre o seu sentido e exercício. Mariana Seixas Cumming Manchetes de jornais. Chamadas na televisão. O impressionismo do locutor de rádio. As páginas da revista. Olhamos esses objetos e freqüentemente nos deparamos com questões políticas, sociais, culturais e até pessoais. Notícias. As colunas sociais. Os fatos de grande importância. A maioria deles nos faz refletir sobre a ética. Mas o que é a ética? São esses grandes acontecimentos que dão significado a ética? Nós, cidadãos comuns, que não estamos nas pautas de discursão, temos algum papel na construção da ética? Temos, pelo menos, o direito de julgar a ação de outrem? Sabemos que constantemente nos deparamos com questões de âmbito prático – moral, segundo Adolfo Sanches Vázquez, então, refletindo sobre nós mesmos, descobrimos uma teoria da nossa moral, os nossos princípios éticos.
Nas relações cotidianas entre os indivíduos, surgem continuamente problemas como estes: devo cumprir a promessa x que fiz ontem ao meu amigo y, embora hoje perceba que o cumprimento me causará certos prejuízos? Se alguém se aproxima, à noite, de maneira suspeita e receio que possa me agredir, devo atirar nele, aproveitando que ninguém pode ver, afim de não correr o risco de ser agredido? Com respeito aos crimes cometidos pelos nazistas durante a segunda guerra mundial, os soldados que os executaram, cumprindo ordens militares, podem ser moralmente condenados? Devo dizer sempre a verdade ou há ocasiões em que devo mentir? Quem, numa guerra de invasão, sabe que seu amigo z está colaborando com o inimigo, deve calar, por causa da amizade, ou deve denuncia-lo como traidor? Podemos considerar bom o homem que se mostra caridoso com o mendigo que bate à sua porta e, durante o dia – como patrão – explora impiedosamente os operários e os empregados de sua empresa? Se um indivíduo procura fazer o bem e as conseqüências de suas ações são prejudiciais àqueles a que