A ética do calvário
A ética dos filósofos dos dias de Jesus se baseia no utilitarismo, no humanismo e no hedonismo.1 A ética do Sinai se baseia no cumprimento de Lei. A ética de Jesus estabelece uma relação de equivalência entre o dever moral e a prática do viver, propondo uma interiorização da ética nas intenções mais profundas da alma com base nos princípios do Reino, o que abrange os objetivos da ética filosófica em favor do bem comum e vai além (Stott, 1981). A ética do Sinai proibe o ato do adultério, mas a ética de Jesus desce ao profundo da alma e declara que a imaginação, a fantasia ou o olhar de cobiça carnal ilegítimo é uma transgressão tão grave quanto a conjunção carnal adulterina (Mateus 5.28). A ética de Jesus é a ética do Reino de Jesus demonstrada na cruz do Calvário, onde ele se deu a si mesmo para demonstrar o amor de Deus e abrir a porta para a reconciliação do homem com Deus, com sua própria natureza e com o seu semelhante. A ética do Sinai consiste em não causar dano ao próximo (“Não matarás”). A ética do Calvário consiste em buscar o bem do próximo, mesmo que seja ao preço da própria vida, ainda que o próximo se faça um inimigo com ou sem razão. No bem do próximo é alcançado o bem do próprio ser. A ética do Calvário é a própria vida de Jesus. Ético é o proceder que tem origem na interioridade do ser como testemunho da presença de Jesus. Ser ético é estar em Cristo, é ter restaurada em si a imagem e semelhança de Deus.
Fundamentos da ética do Reino
1. O Reino de Jesus pressupõe a existência de uma Exousia (autoridade soberana do Rei). Jesus declara aos apóstolos: “Foi-me dada toda a autoridade (Exousia) no céu e na terra”, ou seja, na esfera do espírito e da matéria. Dessa autoridade decorre a Lei como o padrão moral. A ética do Reino não é construída pelos súditos, mas pelo Rei. Não são os cristãos que determinam o que é certo e o que é errado, mas Cristo, pelo padrão do seu caráter e pelos seus