A virtude do egoismo
Autor: Ayn Rand
Tradução e adaptação: Vítor João Oliveira
Fonte: A arte de pensar
Original: The Virtue of Selfishness
Num sentido popular, a palavra “egoísmo” é sinônimo de maldade: representa a imagem de um insensível e cruel assassino que passa por cima de pilhas de cadáveres para atingir os seus próprios fins, alguém que não se importa com qualquer ser humano e que tem como objetivo último a obtenção de gratificação pessoal com caprichos vãos num qualquer momento imediato.
Todavia, a definição mais exata da palavra “egoísmo” dada pelo o dicionário é: preocupação com os nossos próprios interesses. Esta definição não encerra uma avaliação moral: não nos diz se a preocupação com os nossos próprios interesses é algo bom ou mau; nem nos diz o que de fato constitui os interesses do homem. Cabe à ética responder a estas questões.
Como resposta, a ética do altruísmo criou a imagem do ser humano insensível, de forma a levar o homem a crer em dois princípios básicos: a) que, independentemente da sua natureza dos seus interesses, cuidar deles é algo mau e b) que a atividade do ser humano insensível é, de fato, o resultado do seu próprio interesse (ao qual o altruísmo nos impõe renunciar para o bem daqueles com quem convivemos). Dando uma perspectiva da natureza do altruísmo, das suas consequências e da grandeza da corrupção moral a que dá origem, dou o exemplo do meu livro Atlas Shrugged – ou de qualquer cabeçalho da imprensa atual. O nosso foco de análise é as deficiências do altruísmo no domínio da teoria ética.
Há duas questões morais que o altruísmo agrupa num único “pacote”: 1) O que são valores? 2)
Quem deveria ser o beneficiário dos valores? O altruísmo substitui a segunda questão pela primeira: escapa à tarefa de definir um código de valores morais, deixando, assim, o homem sem qualquer orientação moral.
O altruísmo defende que qualquer ação feita em benefício dos outros é boa e que qualquer ação feita em prol de