A violência do esclarecimento
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo
RESUMO Este artigo pretende investigar de que maneira a crítica realizada no livro Dialética do Esclarecimento nos permite identificar uma série de violências que o desenvolvimento da Razão Ocidental vem historicamente infligindo aos indivíduos. Para tanto, inicialmente examinaremos como o próprio nascer do pensamento esclarecedor é compreendido como ocasião de certa violência contra o sujeito, uma vez que este nascimento supõe uma restrição das possibilidades de ser deste. Em seguida, exporemos como a presença do pensamento esclarecido nos mecanismos de dominação social acaba por gerar uma organização da sociedade em que esta se identifica com a forma do Capital, forçando assim seus membros a assumirem certas funções sociais e, assim, também restringindo a capacidade destes de viver de forma autônoma. Finalmente, na última parte do trabalho, apresentaremos como estas formas de cerceamento da vida acabam por reverter-se em mais violência, dando origem a fenômenos sociais como o antissemitismo. Palavras-Chave: Violência; Esclarecimento; Teoria Crítica; Paranoia; Antissemitismo
ABSTRACT This article intends to investigate in which way the criticism made in the book Dialectic of Enlightenment allows us to identify a series of violence that the development of the Western Reason has historically inflicted upon the individuals. To this end, we will initially examine how the birth of enlightening thought itself is understood as an occasion of certain violence against the subject, once this birth supposes a restriction on his possibilities of being. Then we will expose how the presence of enlightened thought in the mechanisms of social domination ultimately generates an organization of the society in which this organization identifies itself with the Capital’s form, thus forcing its members to assume certain social functions and in this way also restricting