A vida segundo Nietzsche
O racionalismo é a negação da vida «Da minha vontade de saúde, de vida, fiz a minha filosofia» «Para o forte, o conhecimento, o dizer sim à realidade é uma necessidade tal como para o fraco, sob a inspiração da fraqueza, também é uma necessidade a cobardia e a fuga perante a realidade — o ‘ideal’» «Condeno o Cristianismo, lanço contra a Igreja a mais temível de todas as acusações que alguma vez um acusador pronunciou. Ela é a maior de todas as corrupções que pensar se podem.» «O Super-homem é o sentido da Terra... Eu ensino-vos o Super-homem. O homem é algo que deve ultrapassar-se». Na segunda metade do século XIX, o pensamento de Nietzsche constitui-se como a crítica mais radical e violenta contra a cultura ocidental estabelecida. Essa contestação atinge a cultura europeia em todas as suas modalidades: filosofia, religião, moral, arte, ciência, etc.
A cultura ocidental está, segundo Nietzsche, envenenada por uma certa moral, por uma atitude antinatural que desvaloriza o mundo sensível, o mundo do devir, tudo o que é corpóreo, em nome da Razão e do Espírito. Os valores e os ideais que a cultura europeia promoveu são o resultado de uma vontade empenhada em instaurar a racionalidade a todo o custo. Esta sobrevalorização da Razão é, para Nietzsche, um sintoma de decadência, de falta de vitalidade.
O racionalismo ocidental atrofiou a vida humana porque desvalorizou de uma forma radical este mundo e esta vida, transformando em mundo verdadeiro e superiormente real um mundo artificialmente construído, que nada mais traduz do que a incapacidade e a impotência perante a realidade, isto é, perante o sofrimento, a dor, tudo o que no mundo terreno nos inquieta, desconcerta e ameaça. Esta negação da vida, de tudo o que é sensível, corpóreo, dos instintos, das paixões, produziu grandes obras intelectuais, esteve na origem de brilhantes produções do espírito, mas revela-se, no fundo, profundamente imoral.
Os valores promovidos ao longo de