A Vida Como Representa O Da Autonomia Do Ser
Outra forma distinta de discutirmos o valor moral da vida é sob a perspectiva kantiana abordando a moral cognominada deontológica. Kant fundamenta seu conceito de moral em três elementos básicos: a razão, a vontade e a liberdade. Situada no campo da razão prática, a moral se desdobra no reconhecimento da dualidade intrínseca do ser humano como animal sensível e racional e na consequente “(...) passagem do ser humano biológico e sensível para o ser humano racional(...)”
Para Kant o Homem possui posição de proeminência na natureza em função de sua capacidade de autodeterminar-se segundo a sua própria razão e, por isso, dentre todas as criaturas, é aquela que de fato expressa a verdadeira liberdade. Enquanto os demais seres não racionalizam suas escolhas e, por isso, são escravos de seus apetites sensíveis, o ser humano, embora vivendo entremeado ao mundo sensível e racional, pode experimentar a verdadeira liberdade ao deslindar a lei moral através de sua racionalidade.
Rejeitando qualquer inclinação empirista, Kant alerta-nos que os exemplos são incertos e nem sempre nos conduzem ao princípio moral adequado. Por isso, havemos de construir nosso edifício moral em uma ideia estruturante de leis – ou, em outras palavras, em princípios – que valem por si mesmos, porquanto somente o animal dotado de vontade pode livrar-se das amarras sensitivas externas à razão e guiar-se segundo uma lei que ele mesmo cria e se impõe:
a razão prática. A moral deontológica se estrutura na ideia de uma ação que seja necessária por ela mesma e não em virtude de uma inclinação externa, seja ela boa ou má. A vontade humana deve converter-se em princípio objetivo, bom independente da subjetividade do agente, que se representa através de um mandamento da razão cuja imperatividade se expressa por intermédio do verbo dever (sollen).
Essa ação se demuda em verdadeiro imperativo, pois condiciona a intenção do agente a sua substância, reportando-se