A urbe iluminada
arquitextos ISSN 1809-6298
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A urbe iluminada: eletricidade e modernização do Rio de Janeiro no início do século XX (1)
Jacqueline Ribeiro Cabral
Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro
Foto Marc Ferrez [http://www.kippenhan.net]
Imperialismo e urbanização
Os acontecimentos do último quartel do século XIX no plano técnico-científico foram qualitativamente diferentes de um mero prolongamento da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra por volta de 1760. De fato, os anos que correspondem à fase conhecida como Segunda Revolução Industrial caracterizaram-se por importantes inventos científicos que causaram um impacto sem precedentes na sociedade.
Muitas das invenções surgidas na Segunda Revolução Industrial dependeram do emprego de novos materiais e novas fontes de energia como a eletricidade e o petróleo, resultando no aparecimento de novos ramos industriais como a siderurgia, a indústria química e a indústria elétrica. Nesse sentido, os laboratórios de física e química se tornaram aliados indispensáveis ao complexo industrial que se configurava e as relações entre industriais e cientistas ficaram cada vez mais estreitas.
Dentro desse contexto e sem nenhuma tradição prévia de funcionamento e organização, a indústria elétrica já nasce dependendo dos aperfeiçoamentos técnicos que estavam ocorrendo naquele mesmo momento. Para que a nova energia se transformasse num produto rentável foi necessário o desenvolvimento de um vasto conjunto de equipamentos e a estruturação de um sistema que permitisse sua conservação, geração e distribuição (2).
Inicialmente circunscrita ao campo das curiosidades científicas, a eletricidade teve que ultrapassar algumas barreiras tecnológicas significativas que exigiram grandes somas de investimento até ocupar seu lugar entre as fontes de energia mais utilizadas no mundo.
O período em que a eletricidade começa a se consolidar como um setor industrial autônomo, coincide também com a expansão do capitalismo