A umbanda numa visão muito pessoal
A Umbanda é uma religião de múltiplas matrizes, porque a Umbanda é relação: dos índios, dos negros e dos brancos, uns com os outros, com contribuições mais ou menos pronunciadas de cada um dos grupos.
A Umbanda nasceu do interesse humano mediado pelo mar, manifestado por diversas matrizes étnicas. Os Tupi andaram até a costa leste brasileira, onde encontraram os portugueses, os franceses, os africanos.
A Umbanda é relação entre o mar e o sertão, conforme anunciado pelos profetas/poetas do Nordeste brasileiro. É o mar que adentra os rios, através das conchas, das carapebas, dos siris, salinizando os terrenos dos deltas, e recebendo a areia que vem das terras de cima, juntamente com os resíduos da atividade humana.
É a expansão da matriz étnica, de todas as matrizes, em busca de uma harmonia abrangente. Por isso, a Umbanda agrega elementos de outras tradições espirituais com muita facilidade.
A Umbanda é uma cria do oceano Atlântico, por onde vieram os marujos portugueses e comerciantes de escravos, num grande evento que propiciou o encontro de centenas de povos e culturas. Devido à violência que marcou este evento, a Umbanda enfatiza o amor, o resgate cármico e a justiça.
A Umbanda não chegou através de Zélio de Morais. Ela estava em operação nos tempos das migrações dos Tupi pela costa brasileira, nos tempos em que São Tomé visitou os índios, nos contatos que beatos europeus fizeram com os povos americanos.
A Umbanda é um encontro, que respeita as matrizes étnicas e vai além delas, elaborando uma nova linguagem sagrada, uma liturgia que fala em Tupi, Português, Quimbundo, Ioruba...
A Umbanda atrai almas para uma vida de sabedoria, responsabilidade, coragem, equilíbrio com a natureza, sacralidade, experiência das divinas potências naturais, compaixão, diálogo, crescimento...
Cada um de nós possui uma raiz étnica, que a Umbanda ensina a conhecer e valorizar, oferecendo a oportunidade de conviver harmoniosamente com outras