'a turba do pega e lincha'?
Esse ímpeto separatista que a ignorância coletiva - catalisada pelo sensacionalismo - tem frente à tragédia transforma essas monstruosidades num problema social crônico.
Liana, João Hélio e Isabella ainda teremos aos montes, sejam queimados vivos, arrastados por quilômetros, esquartejados. Quanto mais tentamos nos distanciar dos atrozes, mais fomentamos o ódio por eles; ódio que, invariavelmente, acaba por se travestir (hoje não é dia bom pra se falar em travestir... hehehehe) de um espírito revanchista.
A nossa sociedade estimula a violência pela condenação da própria violência; ela fica ordinária, comum e cotidiana, como são as matérias sobre o caso Isabella. Graças a essa nossa doença social, devemos estar preparados: a próxima Isabella, além de enforcada, espancada e defenestrada, corre sério risco de ser estuprada, esfaqueada, incinerada etc. As fotos e vídeos vão ficar mais feios, as coberturas mais inflamadas, os apresentadores mais vermelhos e o povo mais comovido. Aí, vêm as férias, que acabam com o próximo infatincídio escatológico. A gente é gado. A única diferença é que, ao invés de capim, a gente se alimenta de carne crua.
É nessa diferenciação disparatada que a sociedade se aproxima dessas feridas purulentas que tenta tão erroneamente cicatrizar. Essa tentativa irracional de distanciamento levou o Sobel a defender a pena de morte no caso Liana/Felipe. Foi o que fez a puritana sociedade paulista endossar o massacre do Carandiru. É o que leva o estado judeu de Israel ao sintomático genocídio de palestinos.
Esse ímpeto separatista que a ignorância