A Trajetoria Tecnologica Da Petrobras N
PRODUÇÃO OFFSHORE
André Tosi Furtado
1. INTRODUÇÃO
Os países periféricos costumam absorver de fontes externas grande parte da nova tecnologia que utilizam em seus processos produtivos, principalmente quando esta é de ponta e requer um certo grau de performance. Entretanto, mesmo que assumam uma posição de receptores de novas tecnologias, um grupo importante de empresas de médio e grande porte realiza um significativo esforço tecnológico. Esse esforço volta-se, principalmente, para um determinado tipo de inovação, de natureza incremental, que se destina à adaptação e à introdução de melhoramentos em processos ou produtos existentes. As inovações são introduzidas preferencialmente sobre bases técnicas já maduras conformando um certo tipo de trajetória tecnológica, específica a esses países. A trajetória tecnológica das empresas, apoiada em inovações incrementais, pode levar a uma posição comercial competitiva, mas dificilmente ocorre o mesmo no plano da inovação, quanto mais na fronteira tecnológica (Katz, 1976; Lall, 1982; Fransman, 1986).
Este trabalho, baseando-se no estudo de caso da produção brasileira de petróleo offshore, trata de mostrar que uma empresa de grande porte pertencente a um país perriférico pode posicionar-se na fronteira tecnológica, mesmo que tenha uma trajetória tecnológica centrada em inovações incrementais. Existem melhores condições para que isto ocorra no contexto de certos setores em que os desníveis de capacidade de inovação entre as empresas dos países centrais e da periferia são menores. A Petrobrás talvez seja uma das melhores ilustrações dessa tese. Essa empresa logrou alcançar uma posição de liderança em escala internacional na produção de petróleo offshore a grandes produndidades. A altura da lâmina d’água na qual se produz petróleo e gás natural representa uma importante fronteira tecnológica para essa indústria. Alguns países desenvolvidos com grandes indústrias de petróleo offshore