A teologia no reino
Por: FERREIRA, Fernando de Jesus.∗
O objeto de nossa análise nesta série de artigos sobre teologia pressupõe-se seja a teologia, seria muito óbvio de deduzir isto. Embora a obviedade desta asseveração declaro, e assumo os riscos desta afirmação, não o é. Ora se a teologia não é o objeto deste artigo, qual seria então? Penso que muito além de ser apontamentos a se filiarem a alguma vertente teológica, estes artigos sejam, muito mais, a expressão de uma inquietação acerca da percepção e da visão sobre a Pessoa de Deus, do que propriamente um teologar, ou filosofar, ou considerar, ou racionalizar a respeito de Deus. Em nossa contribuição anterior identificamos como a teologia se enveredou pelo caminho do academicismo e, portanto, do intelectualismo, sobretudo em Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino. Ressaltamos as implicações epistemológicas propostas por estes dois filósofos cristãos, em seus sistemas platônico e aristotélico de visão de mundo que, vale a pena mencionar refletem muito mais aspectos do paganismo, do que do cristianismo. Problematizamos acerca das bases racionais da teologia Agostiniana e Tomista, como sustentadoras, de primeira ordem, das manifestações da fé, bem como da influência de vertentes de pensamento filosófico na teologia do medievo, assim como identificamos que a diversidade de correntes teológicas é explicada, quase que em sua totalidade, devido à associação destes teólogos as vertentes filosóficas que lhes eram contemporâneas. Se no período medieval as questões que se apresentavam como problema fossem o conhecimento metafísico-ontológico e a possibilidade de se conhecer e teorizar sobre o Ser racional totalizante1, o período que compreende a modernidade até o século XX, apresentará como problema, a questão gnosiológica, ou seja, do conhecimento, e este subordinado a razão, ao sujeito cognoscente, bem como a questão da subjetividade racional do homemsujeito, pensante cognoscente.
* Fernando de