A SOLUÇÃO KANTIANA NO SÉCULO XVIII
A resposta aos problemas do inatismo e do empirismo oferecida pelo filósofo alemão do século XVIII, Immanuel Kant, é conhecida com o nome de “revolução copernicana” em filosofia. Por quê? Qual a relação entre o que propõe Kant e o que fizera Copérnico, quase dois séculos antes do kantismo?
Diz Kant, Inatistas e empiristas, isto é, todos os filósofos, parecem ser como astrônomos geocêntricos, buscando um centro que não é verdadeiro. Qual o engano dos filósofos? Considerar que o conhecimento se inicia tendo como ponto de partida a realidade: no caso dos inatistas, como Descartes, a realidade inicial é o interior, o espírito, a alma humana, que Descartes chama de “coisa pensante” ou “substância pensante”; no caso dos empiristas, a realidade inicial é exterior, o mundo ou a natureza.
Ora, diz Kant, “o ponto de partida da filosofia não pode ser a realidade (seja interna, seja externa), e sim o estudo da própria faculdade de conhecer ou o estudo da razão”. De fato, os filósofos anteriores, em lugar de, antes de tudo, estudar o que é a própria razão e indagar o que ela pode e o que ela não pode conhecer, o que é a experiência e o que ela pode ou não pode conhecer; em vez, enfim, de procurar saber o que é conhecer, o que é pensar e o que é a verdade, preferiram começar dizendo o que é a realidade (a natureza e o espírito humano), afirmando que ela é racional e que, por isso, pode ser inteiramente conhecida pelas ideias da razão. Colocaram a realidade ou os objetos do conhecimento no centro e fizeram a razão, ou o sujeito do conhecimento, girar em torno dela.
Façamos, pois, uma revolução copernicana em filosofia, escreve Kant em sua obra Critica da razão pura: até agora, julgava-se “que nosso conhecimento devia ser regulado pelos objetos”, mas agora devemos “admitir que os objetos devem regular-se pelo nosso conhecimento”.
Copérnico, escreve Kant, “não completou sua explicação, ela foi completada e corrigida por Kepler e Newton, que