A Sociologia do Café
O café em si não é meramente uma bebida. Parte das nossas atividades sociais quotidianas possui um valor simbólico. O ritual associado ao ato de tomar café é frequentemente muito mais importante que o consumo de café propriamente dito. Duas pessoas que combinam encontrar-se para tomar café estarão provavelmente mais interessadas em estarem juntas e conversarem do que em beber, de fato, café. Em todas as sociedades, na realidade, beber e comer proporcionam ocasiões para a interação social e o desempenho de rituais – e tal fornece temáticas ricas para o estudo sociológico.
Um indivíduo que bebe uma chávena de café está envolvido numa complicada rede de relações sociais e econômicas de dimensão internacional. O café é um produto que liga as pessoas de algumas das partes mais ricas e mais pobres do planeta: é consumido em grande quantidade nos países ricos, mas cultivado fundamentalmente nos pobres. Depois do petróleo, o café é a mercadoria mais valiosa do comércio internacional, representando a principal exportação de muitos países. A produção, transporte e distribuição do café implicam transações constantes que envolvem pessoas a milhares de quilômetros dos consumidores. Estudar estas transações globais é uma tarefa importante na sociologia, na medida em que muitos aspectos das nossas vidas são hoje afetados por influências sociais e comunicações a nível mundial.
Além disso, o café é um produto que está no centro do debate atual em torno da globalização, do comércio mundial, dos direitos humanos e da destruição ambiental. À medida que o café aumentou a sua popularidade, tornou-se um produto politizado e um assunto de marketing: as escolhas dos consumidores sobre que tipo de café e onde comprar tornaram-se opções de estilo de vida. As pessoas podem escolher beber apenas café orgânico, café descafeinado naturalmente ou café comerciado a preços “justos” (através de esquemas que pagam o total do preço de mercado a pequenos produtores de café em