A sociedade de consumo
A sociedade de consumo atual existe e caracteriza-se por possuir urna única finalidade: produzir mercadorias para ser vendido, continuar produzindo mais mercadorias e, a qualquer modo e custo, vendê-las, indefinidamente. Seu circuito produtivo, virtuoso para alguns e vicioso para outros, engloba todos os aspectos de suas relações sociais, constituindo urna espécie de teia fundada unicamente nos atos de produzir e adquirir mercadorias, que se tornam, por isso, o fio condutor central de todas as relações humanas dessa sociedade, que é estruturada com base na lógica de reprodução do capital. Esse é o sentido dado por alguns autores, quando conceituam esse tipo de organização social corno sociedade produtora de mercadorias. Trata-se, em termos objetivos, de urna sociedade que encara a produção de bens apenas e tão-somente para o atendimento do que ficou convencionado designar de demanda do mercado, que é o que define esses bens corno mercadorias. Nesse sentido, a sociedade de consumo consiste e é reduzida a um grande mercado, ou negócio, no qual só sustenta a vida e existe quem tem algum objeto para vender ou algo a comprar. Seus paradigmas fundamentais estão assentados sobre dois pilares principais: um econômico e outro filosófico.
Com base nesses dois nexos fundamentais, os indivíduos foram dados como livres e iguais, significando essa liberdade e essa igualdade - em tese e apenas do ponto de vista jurídico - que todos passavam a ter o mesmo direito à riqueza, desde que ela fosse construída pelo esforço empreendedor e pelo labor de cada um. Aos indivíduos foi outorgada a liberdade para consumir, inclusive sua própria liberdade individual, na sociedade que ajudavam a construir, não só no sentido material, mas também no espiritual, no âmbito da manutenção do pacto jurídico-social necessário a sua sustentação.
Com base em seus paradigmas estruturais, em sua finalidade unicamente mercantil, em suas