A Sinfonia Da Neve

A Sinfonia da Neve
A história que vou contar aconteceu muitos e muitos anos atrás, em um lugar muito distante, que você provavelmente nunca ouviu falar. Nesse lugar, o qual hoje o nome está perdido, todas as coisas possuíam uma cor, que lhes era dada de acordo com o sentimento que representavam. As árvores eram sempre verdes, as flores sempre vermelhas, o céu sempre azul, e as pessoas sempre usavam várias cores, já que sentiam várias coisas. Porém, em um vilarejo afastado, onde as casas eram sempre marrons, os gatos sempre pretos e os cachorros, sempre mesclados, vivia um garotinho. Ele sempre andava por aí, sob as árvores sempre verdes, e entre rosas sempre vermelhas. E simplesmente não conseguia entender o porquê de tudo ter uma cor específica. “Por que as pessoas sempre fazem as mesmas coisas da mesma cor?”, pensava o menino, “Essas rosas também seriam bonitas se fossem azuis, e essas árvores também dariam uma paisagem bonita, se não tivessem folhas.” O menino só se sentia confortável usando branco. Mas errado está quem pensar que ele só tinha uma emoção. Ele era a criança mais sentimental do vilarejo, porém acreditava que suas emoções eram demonstradas pelos seus atos, e não pela cor que usava. O menino adorava ouvir os sons da natureza, apesar de reprovar sua constante monotonia cromática. Ouvia o canto dos pássaros azuis, o zumbir das abelhas amarelas, o miar dos gatos pretos, e na sua cabeça, era tudo uma grande sinfonia. Naquela terra, o inverno chegava mais tarde, com o intervalo de até mesmo décadas entre a estação. Eis que nosso menino nunca havia visto a neve. Então, seu fascínio foi claro quando, na manhã de seu aniversário, deparou-se com toda a paisagem ao seu redor branca. Correu alvoraçado para fora, para ver a paisagem nova. Seus pais porém, o trouxeram para dentro, com uma carranca. Naquela terra, as pessoas odiavam o inverno, pois o mesmo trazia novas cores, o que deixava as pessoas desconfortáveis. Por isso, o Inverno mantinha-se afastado