A rosa do povo - contexto histórico-cultural
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Contexto histórico-cultural Os poemas de A rosa do povo foram escritos entre 1943 e 1945, quando os horrores da II Guerra Mundial angustiavam a humanidade e o exército nazista recuava, especialmente na extinta União Soviética. Graças à obstinação heróica do povo russo e sua imensa capacidade de sacrifício, as melhores divisões alemãs tinham sido desbaratadas no leste europeu, prenunciando a capitulação do III Reich. À angústia da época somava-se, pois, uma reverência comovida da civilização ocidental aos soviéticos. O confronto capitalismo x comunismo, que se desenhara desde 1917, estava momentaneamente eclipsado na união de esforços contra o nazismo. Stálin não era mais o ditador monstruoso da década de 1930, mas um dos líderes da luta contra a barbárie. Havia, portanto, nos meios intelectuais e artísticos não-comunistas, uma empatia não apenas com o povo russo, mas com o regime que mobilizara a sua enorme população para uma guerra justa. Simultaneamente, no Brasil, o Estado Novo — autoritário, policialesco, ainda que economicamente modernizador e socialmente avançado (sob o comando de Getúlio Vargas) — perdia o apoio entre as classes médias e as elites intelectuais [2] que aspiravam a um regime democrático. Neste caldeirão de conflitos e circunstâncias dramáticas, o foco poético de Carlos Drummond de Andrade — até então centrado mais na subjetividade e no individualismo do eu-lírico — deslocou-se para uma ênfase no histórico-social.
Anos depois, o autor explicou esta tendência de A rosa do povo como uma tradução daquela época sombria:
“... obra que, de certa maneira, reflete um “tempo”, não só individual mas coletivo no país e no mundo.
(...) Algumas ilusões feneceram, mas o sentimento moral é o mesmo — e está dito o