A Roda da Fortuna artigo jornal
A décima carta do Tarot é denominada La Rouve de Fortune (A Roda da Fortuna), e expressa através de seu simbolismo místico a sabedoria milenar da civilização egípcia e sua capacidade de lidar com o futuro. Neste contexto, a bíblia, relata tal capacidade através da história de José do Egito, e sua predição (podemos chamar de previsão) relativa aos sete anos de fartura, que precederiam, sete anos de escassez, e da sua capacidade de planejar o uso racional dos insumos disponíveis no presente para garantir a sustentabilidade do futuro.
Embora seja comum a crença no destino, e em geral acreditemos que certos acontecimentos são inevitáveis, mister saber que os sábios egípcios não acreditavam em destino imutável, já que se valiam de seus oráculos para planejar as demandas futuras e mitigar seus aspectos mais nefastos. Desta forma, retornando a remoção do véu que encobre o significado mais profundo da Roda da Fortuna, cabe esclarecer que os ciclos de fartura e escassez, embora inevitáveis, podem ser controlados, pois a Roda da Fortuna não gira livre, é controlada pela esfinge, pelo senhor da fortuna, pelo homem. Assim sendo, embora as mudanças sejam inevitáveis, elas podem e devem ser: planejadas; controladas; organizadas; coordenadas; e dirigidas.
Neste ínterim, cabe uma reflexão sobre o uso intempestivo dos recursos que dispomos para a manutenção da nossa vida, ou ao menos da nossa sobrevivência. Urge reavaliar nossa relação com o tempo, pois não é sábio viver em opulência o hoje, as custas da miséria do amanhã, necessitamos retomar a rédeas da Roda da Fortuna, para que possamos conduzir nosso destino, não podemos continuar a agir como tolos jogadores que entregam seu futuro a sorte, e que quando a mesma não os agracia, só sabem lamentar, tal qual citado na ária O Fortuna (Carmina Burana), “O Fortuna, velut luna, statu variabilis, semper crescis, aut decrescis, vita detestabilis, (...) Hac in hora, sine mora, corde pulsum