A revolução francesa
E A INVENÇÃO SOCIAL DA POBREZA
A partir do século XVIII os pobres emergem de um longo silêncio forçado, para tomar uma identidade mais rica e mais nuançada que aquela que lhe conferia a burocracia: indigentes, mendigos, vagabundos, e mesmo pobres simplesmente. A questão da miséria e do miserável se torna crucial antes mesmo da Revolução, em função do aumento da pobreza nos 20 anos que antecederam o evento.
A Revolução assume a responsabilidade sobre os pobres mediada por três variáveis: a primeira diz respeito à perda progressiva da piedade durante o século XVIII, à redução de esmolas nas igrejas, o desaparecimento de donativos, tudo conspira para tornar a caridade e a assistência clerical a mais aleatória possível.
Os autores do Iluminismo preconizam uma intervenção enérgica do Estado, já que não aceitavam que a proteção ao pobre fosse uma atribuição do Estado.A própria Revolução, em seu movimento de destruição dos privilégios e de instauração de uma sociedade de indivíduos, assume, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a tarefa da realização de uma política social.
A Revolução não criou o pobre: a pobreza já era bastante grande na França antes mesmo da Revolução. A ameaça de tornar-se indigente era real para grande parte da população francesa, tanto do campo como da cidade.
Em uma sociedade como é a francesa desse período, as famílias dos pobres têm medo de perder sua independência, de serem privadas de todos os meios de ganhar o mínimo vital para sobreviver, medo de perder o emprego, já que o desemprego era sinônimo de indigência, na maioria dos casos.
Essa situação não era específica da França, mas também na Inglaterra, em Londres a pobreza era largamente visível
Neste clima de total insegurança e quase ausência do Estado, os pobres viviam ameaçados cotidianamente pelo espectro da morte, produzindo uma cultura do medo, que os mantinha entre uma pobreza ordinária e a miséria total. Neste clima de total